… mas depende de uma transformação cultural profunda na sociedade e nos negócios. Vem que a gente te dá algumas dicas de como começá-la aí na sua empresa
Já pensou se você chamasse um carro pelo app pra te levar naquele compromisso urgente e o tempo de espera fosse de 267 anos?
E se batesse aquela fome, você pedisse uma bela macarronada pelo aplicativo e tivesse que esperar 267 anos pra ela chegar na sua casa?
Imagina só se você comprasse uma roupa nova pelo seu e-commerce preferido e o prazo de entrega fosse de 267 anos?
Todas essas situações hipotéticas provavelmente gerariam muita frustração e reclamações por parte das pessoas envolvidas. Por que, então, a gente não se revolta quando fica sabendo que faltam 267,6 anos para que as mulheres alcancem o mesmo ganho salarial dos homens?
O dado é do Global Gender Gap Report 2021, estudo conduzido pelo Fórum Econômico Mundial, e demonstra apenas uma das facetas enfrentadas pelas mulheres no mercado de trabalho. Ele ganhou destaque com uma recente campanha da lanchonete Burger King, que chamou a atenção ao ampliar o prazo de entrega dos lanches pedidos pelo seu app em 267 anos e, só depois, divulgou o motivo.
Estratégias de marketing à parte, esse cenário de desigualdade se agravou ainda mais com a pandemia da Covid-19, como demonstra outro dado do levantamento: um total de 5% das mulheres perderam seus empregos durante o período em todo o mundo, contra 3,9% dos homens. Elas tiveram, ainda, de lidar muito mais com situações de estresse e dificuldades para conciliar o trabalho e as demais atividades, como o cuidado da casa e das crianças. Até porque a gente sabe que, por mais que aquele seu amigo diga que “ajuda” com as tarefas do lar, a responsabilidade majoritária ainda é das mulheres, especialmente quando o assunto é a educação. E com escolas funcionando à distância, para quem sobrou a tutoria da criançada com as aulas online? Claro, para elas.
Quando concorrem com homens a cargos semelhantes, as mulheres também têm mais possibilidade de serem preteridas, especialmente se já forem mães ou se planejam engravidar. Por incrível que pareça, esta ainda é uma pergunta feita na maioria dos processos de seleção.
O resultado prático de tudo isso é que, embora as mulheres tenham aumentado sua presença no mercado de trabalho nos últimos anos, e embora elas tenham, em média, mais anos de estudo que os homens (7,3 anos contra 6,3 anos, segundo dados de 2020 do IBGE), elas seguem enfrentando dificuldades do momento da seleção ao dia a dia de trabalho.
Acelerando a igualdade
O que podemos fazer, então, para mudar essa realidade?
Diversas leis já garantem à mulher direitos fundamentais, como licença-maternidade e mesmo a igualdade salarial (norma que está vigente desde 1988!). Mas só legislar não basta. É preciso uma transformação cultural profunda nos negócios e na sociedade como um todo. E essa mudança passa, primeiro, por exigir que os direitos garantidos por lei sejam implementados na prática, seja você mulher ou não.
Outro aspecto importante é criar um ambiente de segurança e acolhedor para todas as pessoas da sua equipe. Quando as pessoas se sentem parte do negócio e têm protagonismo de fala, é mais fácil que se engajem no modelo de gestão e compartilhem do propósito da empresa, apoiando-a no ganho de escala fundamental para o crescimento de qualquer organização.
Quer exemplos reais do que você pode fazer aí no dia a dia do seu negócio para torná-lo mais igualitário? Olha só:
- Que tal dar uma chance no seu processo seletivo para aquela candidata grávida que preenche todos os requisitos para a vaga?
- Se há desigualdades salariais entre homens e mulheres no mesmo cargo na sua empresa, faça a equiparação. E se isso acontece na empresa em que você trabalha, um caminho é juntar colegas e fazer uma campanha para, ao menos, planejar a mudança.
- Dê oportunidades iguais para homens e mulheres alcançarem a liderança. Um caminho é determinar um percentual mínimo de líderes mulheres e planejar o período para treinar aquelas da equipe que tem mais potencial para ocupar essas vagas.
- Crie um canal onde elas se sintam confortáveis para denunciar assédio e situações de discriminação de gênero. Ouça e apure as denúncias, faça com que elas se sintam acolhidas e dê solução para os casos.
Neste Dia Internacional das Mulheres, o nosso desejo aqui na FOURGE é que cada pessoa ao menos comece a fazer sua parte para diminuir esse tempo absurdo e alcançar a igualdade entre homens e mulheres. Afinal, se você não quer - e nem pode - esperar pela sua comida todo esse tempo, que dirá por um direito fundamental garantido por lei?
Leia também:
Diversidade e inclusão nos negócios: do discurso à mão na massa Descrição da imagem: card único com imagem de mulher com uma megafone gritando/soltando fogo pela boca, trazendo a frase "267 anos não! Igualdade de gênero é pra ontem!" #transformacaocultural
Comentarii