Pelo fim da cultura inútil!
Esses dias na fila do supermercado, entre chicletes e bombons para serem comprados de última hora, estavam algumas revistas sobre novelas. Um casal bem à minha frente comentou, entre mastigadas da ponta do pão francês, o seguinte: meu Deus, quanta cultura inútil.
Debruçado sobre o meu carrinho de compras, em silêncio, me peguei pensando em quanta-coisa-de-tudo-quanto-é-tipo já me ajudou na vida. Então propus mentalmente ao casal – que já tinha comido dois dos quatro pães - uma pergunta bem simples: como estaria o algorítimo de vida deles?
E o de vocês, que estão lendo aqui, como está?
Minha proposta é acabarmos com a cultura inútil, sem acabar com ela, mas exercitando um novo olhar sobre tudo o que nos rodeia.
Em tempos de redes sociais que alimentam nosso cotidiano, mas que se alimentam apenas do que o nosso próprio cotidiano diz à elas, é natural que a gente determine o que pode e o que não pode ser. Soma-se a isso a permanente consciência des-humana em sempre buscar “o meu” e não “o nosso”, e temos o cenário perfeito para uma vida singular, unilateral e uniforme. A nossa bolha querida.
E então, como está a sua disposição em ver o outro lado da vida?
Aqui vale contar um segredo: é extremamente desgastante tentar enxergar o outro lado. A nossa zona de conforto é algo como uma sexta-feira chuvosa com a temporada inédita da sua série favorita no Netflix, com quem você mais gosta no sofá, com tudo...e....iti malia!
É foda sair dela. Porque pra sair dela a gente se expõe, coloca à prova o nosso gran-mestre-conhecimento, se desgasta, fica com medo, e se dá conta que ninguém nos ensinou a fazer isso. Ora, nenhuma condição convidativa para esse exercício.
Mas aqui vale contar um segundo segredo: ninguém me convenceu ainda que a vida tem apenas um lado pra se viver.
Alguns chamam de desenvolver uma visão sistêmica, outros dizem que é ampliar a visão de mundo, outros que é aumentar o seu repertório. Eu chamo de o outro lado da vida. Esse outro lado pode ser uma viagem como voluntário para a Nigéria ou uma simples lida em uma revista de novelas.
Aliás, algumas vezes eu compreendo melhor o meu país lendo uma revista de novela do que assistindo a uma aula de história. (professores de história, vocês entenderam né? #pás).
Aos interessados eu já aviso que corremos um grande risco: o de nos darmos conta que tudo está absolutamente conectado nesse mundo e que, se nos permitirmos, o outro lado da vida vai sistematicamente começar a nos ajudar a resolver os nossos problemas. Ou você ainda acredita, por exemplo, que criatividade é um dom divino para quem cursa Publicidade e Propaganda? Acorda, filho!
E claro...com o outro lado da vida vem a tão famosa-querida-best-seller-dos-RHs: a empatia.
Porque eu não consigo saber como é o outro lado da vida apenas olhando de longe ou debatendo em textos mal escritos como esse. Levanta pra cuspir, filha!
Pelo fim da cultura inútil.
E pelo começo da jornada para o outro lado da vida. Texto por Eduardo Lopes #cultura
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