Se quase 60% das pessoas não moram mais na mesma cidade em que trabalham, transformar a cultura para atuar com equipes híbridas é fundamental. Te conto um pouco da minha experiência no texto de hoje
Por Camila Galvez
Sou paulistana, nascida e criada na quinta maior metrópole do mundo, mas eu sempre quis morar na roça. Plantar minha própria comida, ter umas galinhas no quintal, ter mais espaço pra criar a bicharada que eu tanto amo. Só que, quando me formei em jornalismo, esse virou um sonho pra realizar “quando estivesse aposentada”. Era o que eu mais ouvia por aí: como você vai arrumar emprego se morar longe de São Paulo?
Tenho 37 anos e não estou aposentada. Sou a responsável pela Comunicação da FOURGE - sim, tudo o que você lê aqui e nas nossas redes sociais tem um dedinho meu, quando não tem uma mão inteira. Porém, tenho uma rotina um pouco diferente do restante do nosso time. Costumo acordar “cedim”, como se diz aqui em Minas Gerais, onde eu moro em uma chácara da qual o vizinho mais próximo fica a uma pequena caminhada de uns 10 minutos.
Meu dia começa tratando das galinhas e patas, regando a horta, alimentando meus quatro cachorros e cinco gatos. Diariamente recebo a visita de macacos-prego que gritam alto na mata, jacus que compartilham o milho das galinhas, saracuras que bebem água no mesmo lago no qual nadam as minhas patas, tucanos coloridos com seus bicos enormes, seriemas escandalosas e maritacas empolgadas - inclusive, é a época de elas voarem em bandos enormes agora e, confesso, eu também fico empolgada quando as vejo.
É só depois de tudo isso que eu me sento na frente do computador e me conecto com a galera da FOURGE pra mais um dia de trabalho.
É claro que existem os perrengues. Às vezes chove demais e a estrada fica intransitável. Logo que me mudei pra cá, os vizinhos tiveram que comprar papel higiênico pra gente (entre outros itens de mercado). A água é de poço, e o primeiro que fizemos, caipira, não rolou - era barrento demais e a água tinha gosto de ferro. Tivemos mesmo que investir num poço semiartesiano. A internet é via satélite, cara e limitada - nada de Netflix, portanto, é só pra trabalho. Não tem Ifood, Uber, shopping - embora eu não sinta falta de absolutamente nada dessas coisas, exceto, talvez, de um bom restaurante japonês. Só que pra realizar sonhos a gente também precisa aprender a abrir mão daquilo que acha que necessita.
Tudo isso aconteceu depois da pandemia da Covid-19. E eu não fui a única: muita gente migrou de vez para o remoto nesse período. A Revelo, plataforma de recrutamento, divulgou os dados da Pesquisa de Trabalho Remoto 2022, em que 537 profissionais e 35 empresas foram entrevistadas. Embora eu não tenha participado do estudo, faço parte da estatística: 59,8% das pessoas ouvidas não moram na mesma cidade em que sua empresa possui escritório ou sede. O número de 2022 é 12,3% maior que o de profissionais que afirmaram morar em outras cidades no ano anterior, o que mostra um crescimento sólido do modelo de trabalho remoto mesmo após a reabertura do mercado.
É claro que o trabalho remoto não tem só vantagens. Muitas pessoas dizem experimentar uma sensação de isolamento e solidão. Já para as empresas, os fatores de maior preocupação estão relacionados a baixo engajamento, problemas de comunicação e distrações. Tudo isso depende muito da cultura da empresa e da forma como ela engaja seus profissionais.
Por aqui, a conexão Bueno Brandão-Porto Alegre rola de forma harmônica por alguns motivos que vou compartilhar e que podem, inclusive, ajudar o seu negócio a gerenciar um time remoto de alta performance e alto engajamento. Vamos lá?
1. Mantenha o diálogo sempre aberto, com o time e individualmente
Impor retorno ao escritório não é legal. Converse com as pessoas, tanto coletivamente quanto com cada uma em particular. Entenda suas necessidades. Pode ser que alguma delas se sinta mais feliz, produtiva e realizada morando na roça igual a mim. Outras podem querer uma rotina mais flexível que inclua visitas ao escritório algumas vezes na semana. Entenda, negocie e acolha cada situação individualmente.
2. Compartilhe o propósito
Quem entende os motivos pelos quais trabalha se sente engajado e junto mesmo que esteja a quilômetros de distância. Se a pessoa sabe exatamente a importância do seu trabalho na entrega do todo, ou como falamos por aqui, no problema do mundo que o negócio resolve, é muito mais fácil se conectar com a galera.
3- Envolva a galera nas mudanças, ouvindo as pessoas e adotando ideias do time
Vai revisitar o planejamento estratégico? Vai adotar um novo modelo de gestão? Ou construir um modelo de negócio do zero? Envolva as pessoas independentemente do modelo de trabalho delas. Promova encontros, ouça o que elas têm a dizer, tanto os problemas quanto as possíveis ideias. Às vezes quem está distante enxerga de uma forma diferente e tem muito a acrescentar em relação às mudanças.
4- Crie rituais
Um papo individual semanal? Uma reunião mensal com a galera? Não importa como, mas é importante criar rituais que não sejam só para passar demandas ou cobranças, mas que sejam também momentos para ouvir as pessoas. Esses rituais podem ser tanto coletivos quanto individuais e precisam ter significado para que não se tornem só mais uma videoconferência que poderia ter sido um e-mail, tá? E mesmo que eles tenham uma periodicidade fixa, não exclua as conversas que podem rolar a qualquer momento com as pessoas, mesmo que elas rolem pelo whatsapp.
O resumo da história: eu não precisava "me aposentar" pra mudar pro interior. Eu precisava de uma revolução tecnológica. E foi o que a pandemia fez. A tecnologia possibilitou a realização do meu sonho - e de muitas outras pessoas. Ela me permite seguir trabalhando na área que eu me formei de onde eu estiver. Claro que não estou escrevendo isso pra dar lição de moral em ninguém, do tipo "e aí, fez seu MBA na pandemia?". Até porque eu acho que a gente precisa é parar de querer ditar regra na vida dos outros. Pessoas tiveram perdas reais e dolorosas nos últimos tempos, e eu lamento cada uma delas.
Mas é fato que muita gente também descobriu seu propósito de vida. O que eu quero dizer é que cada um sabe o seu caminho. O meu era esse. E ainda bem que encontrei uma empresa que entendeu esse caminho tão bem quanto a FOURGE.
Quer ajuda pra transformar o ambiente e conectar o time remoto ao presencial? Então fale com a gente!
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Descrição da imagem: card traz uma foto da Camila segurando uma galinha marrom nas mãos. A Camila é uma mulher branca, de cabelos castanhos presos, usa óculos, um boné jeans e uma camiseta de manga curta branca com gatinhos em tons de verde e rosa escuro. Em destaque, o texto: “Minha vida na roça - e 4 dicas pra conectar times remotos.”
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